Carmen da Silva, uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro.

Romances

Sangue sem dono

Capa de Sangue sem dono
Capa de Sangue sem dono

Lançado em abril de 1964 pela Editora Civilização Brasileira, marca a estréia nacional de Carmen da Silva. A protagonista vive em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e aos quinze anos muda-se com sua família para a cidade do Rio de Janeiro, posteriormente para o Uruguai, a seguir para a Argentina de onde finalmente retorna ao Brasil depois de alguns anos. Assim, ora Carmen, ora Nora, Brunilde ou João-Teimoso – como a protagonista se autodenomina ao relatar sua carreira literária e a busca por liberdade e justiça –, ela é um ser livre, e livremente escolhe seu destino; para realizá-lo nada encontra de mais sólido e estável do que a luta. Trata-se ainda da história de uma mulher educada conforme os preceitos tradicionais da sociedade brasileira, que busca sua própria realização e integridade, lutando pelo pão quotidiano e pelo seu espaço literário. Na busca da liberdade interior ela leva uma vida boêmia, com várias experiências amorosas; mas consegue finalmente compreender seus anseios quando seu amor ao povo desperta, irmanado ao seu sofrimento e fome de justiça, revelando seu engajamento social e a luta a favor dos anseios da humanidade contra uma série de contradições.

O romance aborda ainda vários problemas sociais e políticos, relacionados não somente ao contexto brasileiro, mas a temas inerentes aos vários contextos da vida de qualquer pessoa em qualquer sociedade – temas universais. Em tom autobiográfico, a autora relata em Sangue sem dono as peripécias de uma mulher nascida em ambiente burguês, no longo caminho da conquista da liberdade.