Carmen da Silva, uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro.

Romances

Fuga em setembro

Capa de Fuga em setembro
Capa de Fuga em setembro

Tradução de Setiembre, foi publicado no Brasil pela Editora Eldorado, em 1973. Desde que Carmen da Silva regressou da Argentina, nos anos 1960, alguns editores brasileiros insistiram para que ela traduzisse Setiembre e o lançasse no Brasil. Naquele momento (1973), com Perón novamente “entronizado” na Argentina, revelou-se mais do que nunca oportuno publicar essa obra que serviu e serve ainda para refrescar memórias históricas que se atualizam ainda hoje, mesmo que permaneçam algo embotadas. Embora tenha relutado por motivos relacionados mais à forma do que ao conteúdo, sobretudo pela dificuldade em verter para o português a gíria portenha em voga em 1955, ela própria traduz finalmente o romance com a parceria de sua sobrinha, Lucy Montaño. Com o receio de que seus personagens fossem demasiadamente “portenhos”, foi preciso encontrar os equivalentes brasileiros ao vocabulário da época, evitando empregar expressões ou palavras que, para os leitores mais jovens, teriam, segundo a autora, sabor antediluviano. Empregar gíria atual seria criar um choque entre a linguagem e os fatos ocorridos havia quase dezoito anos. Carmen da Silva opta então por um vocabulário “um pouco intemporal, um compromisso, com as vantagens e os inconvenientes de qualquer compromisso”. Se, conforme foi dito para a versão original, a espinha dorsal do romance é uma circunstância comum à realidade de qualquer país latino-americano, os tipos, ambientes, costumes e, sobretudo, a linguagem popular são o resultado de rigorosa pesquisa local. Por isso, alguns trechos foram transcritos em ensaio intitulado “A sociologia argentina vista através do romance”, publicado pela Universidade de Carlton, nos Estados Unidos.