Carmen da Silva, uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro.

Pesquisador espanhol saúda professoras da Furg pelo trabalho desenvolvido sobre Carmen da Silva
12 de maio de 2022
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Pesquisador espanhol saúda professoras da Furg pelo trabalho desenvolvido sobre Carmen da Silva

O pesquisador espanhol, mestre em direção e gestão do Patrimônio Histórico-Cultural e doutor em Letras, Jesús Pérez García, autor do artigo “A menina, o broto e a foto”: crônica de um conto sequestrado, incluso na publicação Para ler Carmen da Silva: precursora do feminismo brasileiro, não pôde estar presente no ato de lançamento da obra, ocorrido no dia 09/05, na 48ª Feira do Livro da Furg. Grato pela oportunidade de participar da coletânea e, especialmente, por ter conhecido a obra da escritora rio-grandina, através das aulas das Profas. Dras. Aimée Bolaños e Nubia Hanciau, García enviou uma linda correspondência para as painelistas que apresentaram a obra no evento realizado no balneário Cassino.

O texto, na íntegra, está disponível a seguir:

Queridas Nubia, Aimée, Kelly, Eliane e assistentes ao evento na 48 Feira do Livro da FURG. Aproveito o convite da professora Nubia para enviar um abraço com muitas saudades e parabenizar pelo sempre lindo e importante trabalho que levam pra frente, tanto nas investigações realizadas no âmbito da universidade quanto na difusão da cultura, que continua sendo a melhor ferramenta para combater a barbárie.

Agradeço a oportunidade de participar, na medida do possível, neste encontro, assim como as oportunidades de participar nessa linda aventura de pesquisa e difusão da obra de Carmen da Silva. Eu nunca vou esquecer daquela tarde de junho de 2016 em que a professora Aimée organizou, no contexto da sua disciplina, Literatura e Americanidade, um encontro com a professora Nubia para nos falar de uma escritora rio-grandina que tinha publicado obras em espanhol e em português e que era uma das grandes precursoras do feminismo no Brasil. A escritora era Carmen da Silva.

A professora Nubia mostrou-nos os trabalhos que estava levando adiante com entusiasmo sobre Carmen. Falou-nos sobre as linhas que estava trabalhando e mostrou-nos o maravilhoso site que tinha construído, onde apareciam artigos sobre a autora, recortes de jornais, fotografias, pesquisas... Além disso, deixou a porta aberta para quem estiver interessado em pesquisar. Essa é parte do importante trabalho de uma professora universitária: abrir portas, e a professora Aimée abriu essa porta para conhecermos o projeto, a professora Nubia abriu para nós as portas do projeto.

Eu senti imediatamente o desejo de participar de alguma forma, em pouco tempo já tinha uma atividade pra mim: traduzir para o português alguns dos artigos jornalísticos publicados sobre Carmen na Argentina e pesquisar sobre o contexto dos mesmos. O trabalho foi enriquecedor, com lindas lembranças dos nossos encontros na FURG, e com muitos aprendizados sobre a arte da tradução e a obra e a vida de Carmen, que, não podia ser de outra forma, não teve uma passagem precisamente discreta pelo pais vizinho. Seu romance ‘Setiembre’ foi premiado e aclamado pela crítica. E seu conto, ‘A menina, o broto e a foto’, levantou tal poeira que levou ao sequestro da revista onde foi publicado e suscitou a crítica feroz de uma parte da sociedade argentina, em uma tentativa infrutífera de fazer calar a nossa escritora. Os resultados dessas traduções e pesquisas constituíram a minha pequena contribuição ao estudo da obra da escritora nesse necessário e brilhante livro Para ler Carmen da Silva, mostra materializada do ímpeto trabalhador da Professora Nubia e da atividade realizada no âmbito das universidades, não sempre valorizada na sua justa medida.

É igualmente um novo logro para a literatura brasileira, para a literatura gaúcha e para a história e o patrimônio cultural rio-grandino.

Como toda figura universal, Carmen da Silva surgiu para o mundo, mas surgiu da cidade de Rio Grande. E é à cidade de Rio Grande que corresponde o orgulho de salvaguardar e administrar esse patrimônio a figura e a memória da escritora, através de suas instituições, dos profissionais da pesquisa da FURG, do ILA e desse maravilhoso projeto de pesquisa chamado “Carmen da Silva: uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro”, que em 2021 já cumpriu 20 anos. Parabéns por esses 20 anos, pelos 100 anos de Carmen da Silva, parabéns Kelly, Aimée, Eliane, Nubia, e parabéns para a cidade de Rio Grande por cuidar e difundir seu valioso património cultural e literário.

Jesús Pérez García

Doutor em Letras

Mestre em direção e gestão do Património Histórico-Cultural