Uma mesa de debates, intitulada “Para ler Carmen da Silva”, reuniu professoras e pesquisadoras sobre a escritora rio-grandina, precursora do feminismo no Brasil, na 48ª Feira do Livro da Furg. Nubia Hanciau, Aimée Bolaños, Kelley Duarte e Eliane Campello, todas com trajetória docente na Universidade Federal do Rio Grande, integraram o painel e comentaram sobre a vida, a obra e o legado deixado pela autora que em 2019 teve o seu centenário de nascimento comemorado com a realização de um seminário e, em sua homenagem, recebeu o nome de um largo nas imediações do Coreto da Praça Tamandaré.

O ato marcou, ainda, o lançamento do livro que leva o mesmo nome da conferência realizada pelas painelistas: Para ler Carmen da Silva, uma coletânea de artigos resultado de pesquisas sobre a autora organizados pela Profª. Dra. Nubia Hanciau e pelo Prof. Dr. Francisco das Neves Alves. A abertura ficou por conta do Patrono da 48ª Feira do Livro da FURG, o poeta, fotógrafo, radialista e cirurgião dentista, Sergio Carvalho, que prestigiou o evento.

“Meu primeiro contato com Carmen ocorreu no Seminário Internacional, realizado em 2019. Uma escritora nascida em Rio Grande, com uma obra incrível e que eu ainda não conhecia. Quando vi esse debate no programa da Feira não hesitei em acompanhar. Sinto-me encantado pela oportunidade de estar com vocês, sobretudo, de poder acompanhar essa mesa composta por professoras da minha esposa, a Cátia, que tanto aprendeu com elas e compartilha comigo”, disse.

Responsável pela mediação da conversa, a Professora Kelley Duarte também valorizou a oportunidade do encontro presencial com as suas mestras e com o público presente. “Uma honra reencontrar pessoas maravilhosas, minhas professoras. Intelectuais muito ativas, colaboradoras, pensadoras. Tudo isso é resultado de uma atuação em pesquisa no âmbito da nossa universidade e tem sido frutífero, maravilhoso, rizomático. Um projeto que se estendeu e que ainda hoje ecoa, como nesta publicação em livro, mostrando um pouquinho do que foi Carmen”, salientou. “Nossa autora já falava em sororidade, equidade, sem mesmo saber da possível existência desses termos, que são muito recentes, quando publicou seus textos nos idos dos anos 1960. Foi uma visionária no seu tempo”, completa.

A organizadora do livro, Profª. Dra Nubia Hanciau falou na sequência e, após saudar o Patrono da Feira, realizou um resgate sobre o projeto Carmen da Silva, uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro, intercalado com destaques sobre a publicação. Comentou sobre os trabalhos realizados pelas Professoras Kelley Duarte e Maria Helena Fuão, presente na plateia, primeiras pesquisadoras do projeto e que escreveram dissertações de mestrado sobre Carmen. Agradeceu à Coordenadora da Editora e Livraria da Furg, Cleusa de Oliveira, e à Diretora do DAC, Débora Amaral, pelo convite para a participação na feira e a todos e todas que fizeram parte do livro. “Uma amostra das nossas pesquisas, que são diversas, compõem uma unidade e apresentam essa mulher tão extraordinária, avançada em relação ao seu tempo”, reforçou.

O painel seguiu com a participação das Professoras Dras. Eliane Campello e Aimée Bolaños, que comentaram seus artigos publicados na obra, Conselhos “feminis” em A arte de ser mulher e Carmen da Silva escreve Carmen da Silva, respectivamente.

Antes do encerramento, a Profª Dra. Nubia Hanciau divulgou duas boas notícias a respeito da autora para o público presente. O lançamento do novo site de Carmen da Silva (www.carmendasilva.com.br), já disponível para acesso público e que contém um rico acervo sobre a autora; e a possibilidade da reedição da sua obra, a partir do início de diálogo com um editor de São Paulo e com um representante da família de Carmen. “Um sonho de 20 anos e que agora está mais próximo de se tornar realidade”, concluiu a Professora.

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